segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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A União Europeia se distancia do Mercosul em meio a impasses comerciais

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A União Europeia se distancia do Mercosul em meio a impasses comerciais
Foto: Divulgação

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Foto gerada por IA

Após 26 anos de negociações, o aguardado Acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi novamente adiado. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a assinatura do acordo não ocorrerá na data prevista, cedendo à pressão de nações como França e Itália. Essa decisão não apenas reflete um impasse comercial, mas também destaca uma Europa que parece desconectada das novas dinâmicas do comércio global.

Os produtores franceses justificam sua posição alegando que o Brasil não atende às mesmas exigências ambientais impostas à agricultura europeia. No entanto, essa justificativa é considerada frágil, pois ignora as diferenças geográficas e produtivas entre as regiões.

Com cerca de 70% de sua vegetação nativa preservada, o Brasil apresenta um cenário ambiental bem diferente da Europa, que historicamente tem sido uma das maiores emissoras de carbono no mundo. A imposição de padrões idênticos entre realidades tão distintas é vista como uma forma de protecionismo.

Na prática, o que se observa é que o receio europeu não é apenas em relação ao meio ambiente, mas também econômico. O Brasil e os países do Mercosul são altamente competitivos em diversos produtos agrícolas, como soja, milho, carnes e café, que não competem diretamente com a agricultura europeia, que se caracteriza por sua pequena escala e alta dependência de subsídios.

Ao atrasar o acordo, a União Europeia não está protegendo o meio ambiente nem seus agricultores, mas adiando uma adaptação necessária à realidade do comércio global.

O cenário internacional está mudando rapidamente, com os Estados Unidos se voltando para o unilateralismo e a China expandindo sua influência em tecnologia e investimentos. Sem o acordo com o Mercosul, a Europa corre o risco de perder sua relevância econômica e geopolítica.

O Mercosul representa um mercado significativo e uma alternativa à crescente dependência da China. A falta de um acordo pode abrir espaço para um aumento da influência dos Estados Unidos e da China na América do Sul, enquanto a Europa observa passivamente.

Embora o acordo traga benefícios ao Brasil, como maior acesso a produtos industriais europeus, o país não depende dele para sobreviver, dado que a demanda por alimentos na Ásia continua a crescer.

A União Europeia, ao se deixar levar por interesses internos, mostra-se incapaz de tomar decisões estratégicas. Ao transformar questões ambientais em barreiras comerciais, o bloco escolhe o isolamento e sacrifica sua competitividade no cenário global.

Na dinâmica do comércio internacional, proteger-se de concorrentes mais eficientes não resulta em fortalecimento, mas sim em estagnação.