segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Ao vivo
Economia

Acordo entre Mercosul e União Europeia enfrenta novos obstáculos

Primeira-ministra da Itália se junta a críticas ao tratado, que pode impactar assinatura prevista.

Economia3 min de leitura
Acordo entre Mercosul e União Europeia enfrenta novos obstáculos
Foto: Divulgação

Publicidade

Anuncie aqui

Às vésperas de um possível acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, novas oposições surgem. A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, manifestou sua intenção de se aliar a outros países que expressam insatisfação com o pacto, liderados pela França. Essa situação pode atrasar a assinatura do tratado, resultado de negociações que se iniciaram há mais de 20 anos e que pode abranger um mercado de cerca de 720 milhões de pessoas.

Na quarta-feira, o tema foi discutido em um triálogo que reuniu representantes do Parlamento, do Conselho e da Comissão Europeia, que elaboraram um texto final incorporando as salvaguardas aprovadas pelo Parlamento. A nova versão do acordo será submetida à votação no Conselho nesta quinta-feira, 18.

Atualmente, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Mercosul, representando 16,9% do comércio total do bloco em 2023, atrás apenas da China.

As negociações entre Mercosul e União Europeia começaram em 1999, durante a Cúpula Mercosul-União Europeia no Rio de Janeiro. O acordo foi inicialmente concluído em 2019, mas reaberto e somente aprovado em dezembro de 2024. A partir de então, foram implementadas regras mais rígidas pela União Europeia para monitorar os preços de produtos, mas ainda assim persistem preocupações sobre o impacto das importações do Mercosul.

O tratado prevê a eliminação de tarifas que ocorrerá de maneira gradual, variando entre 4 e 15 anos, para 91% dos produtos importados pelo Brasil da União Europeia. Do lado europeu, a liberação tarifária também será gradual, abrangendo 95% dos produtos brasileiros exportados.

Para avançar na aprovação do acordo, este foi desassociado do acordo político, permitindo que apenas o Parlamento Europeu o aprove, enquanto os países do Mercosul precisam ratificá-lo. O Brasil, por sua vez, terá que passar pelo crivo dos Poderes Executivo e Legislativo.

Salvaguardas foram aprovadas pelo Parlamento Europeu para reduzir a oposição, especialmente da França, permitindo que a Comissão Europeia investigue variações excessivas de preços e aplique sanções se as normas sanitárias não forem cumpridas. Produtos como carne bovina e açúcar são os mais citados entre as preocupações dos legisladores europeus.

O acordo criaria um mercado de cerca de 722 milhões de pessoas, com um PIB conjunto de aproximadamente 22 trilhões de dólares. Um estudo do Ipea prevê que o tratado pode aumentar o PIB brasileiro em até 0,46% até 2040, enquanto a União Europeia teria um crescimento estimado de 0,06%.

Entretanto, setores da indústria brasileira, como produtos farmacêuticos e têxteis, podem enfrentar desafios. O setor automotivo terá um cronograma mais longo para eliminação tarifária, visando minimizar os impactos da entrada de veículos europeus no mercado sul-americano.

Além disso, o acordo aborda questões ambientais, vinculando-se ao Acordo de Paris. A União Europeia planeja estabelecer um fundo de 1,8 bilhão de euros para apoiar a transição verde nos países do Mercosul.

As negociações, que estavam paralisadas devido a questões ambientais durante o governo anterior no Brasil, foram reabertas com a nova