segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Agricultores em Bruxelas protestam contra acordo UE-Mercosul

Manifestações levantam preocupações sobre impacto na agricultura europeia

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Agricultores em Bruxelas protestam contra acordo UE-Mercosul
Foto: Divulgação

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Nesta quarta-feira, 17, agricultores realizaram protestos em Bruxelas, Bélgica, bloqueando ruas e atirando ovos e fogos de artifício em frente à cúpula de líderes da União Europeia (UE). A polícia reagiu com gás lacrimogêneo e canhões de água enquanto os manifestantes expressavam suas preocupações sobre o acordo de livre comércio entre a UE e os países do Mercosul.

Os agricultores temem que o tratado prejudique sua subsistência e que contribua para o aumento do apoio à extrema-direita na Europa. Milhares de manifestantes se concentraram na Place Luxembourg, nas proximidades do Parlamento Europeu, enquanto os líderes dos 27 países da UE discutiam possíveis alterações ou adiamentos na assinatura do pacto.

A Itália manifestou reservas em relação ao acordo, unindo-se à França na oposição ao tratado com o Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, alertou que a assinatura nos próximos dias seria precipitada, demandando garantias para o setor agrícola.

O presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou sua posição contrária ao chegar à cúpula, afirmando que o acordo não pode ser assinado na forma atual e que são necessárias mais discussões, especialmente sobre salvaguardas econômicas e restrições ambientais mais rigorosas para os países do Mercosul.

A oposição da Itália pode fornecer à França votos suficientes para bloquear a assinatura do acordo proposta pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que é a favor do tratado.

Defensores do acordo, que está em negociação há 25 anos, argumentam que ele criaria um mercado de 780 milhões de pessoas e serviria como um contrapeso às políticas comerciais da China e às tarifas dos EUA.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, advertiu que um adiamento ou cancelamento do acordo poderia prejudicar o status global da UE, afirmando que decisões precisam ser tomadas imediatamente para manter a credibilidade da União Europeia no comércio internacional.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca fechar o acordo no próximo sábado, 20, como um triunfo diplomático, expressou descontentamento com as posturas da França e da Itália em reunião ministerial. Lula enfatizou que, se o acordo não for firmado agora, o Brasil não realizará novos acordos durante seu mandato, defendendo o multilateralismo contra o unilateralismo. O presidente argentino, Javier Milei, também manifestou apoio ao tratado, vendo o Mercosul como uma oportunidade para acessar mercados globais.

Apesar das tensões, Ursula von der Leyen e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, mantêm a agenda de visita ao Brasil programada para sábado.