O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou nesta terça-feira, 16, uma nova linha de crédito destinada a financiar a aquisição de caminhões, totalizando R$ 10 bilhões. Deste montante, R$ 4 bilhões serão disponibilizados pelo BNDES, enquanto os restantes R$ 6 bilhões virão do Tesouro Nacional, permitindo a oferta de empréstimos com taxas subsidiadas, ou seja, abaixo do mercado.

A autorização para o repasse de recursos foi formalizada por meio de uma medida provisória publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconhece que o setor de caminhões está enfrentando uma significativa desaceleração, com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) prevendo uma queda de cerca de 10% tanto na produção quanto em emplacamentos.

A nova linha de crédito representa também um gesto para a categoria de caminhoneiros, que se tornou um importante suporte para a gestão anterior de Jair Bolsonaro (PL). Apesar de alguns analistas verem a medida como um possível movimento eleitoral, interlocutores do governo descartam essa intenção.

Os detalhes do programa ainda serão regulamentados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), envolvendo ministros e o presidente do Banco Central. Estão previstas duas modalidades de financiamento, com e sem a entrega do caminhão antigo, abrangendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

A taxa de juros para a linha sem a troca de frota deve girar em torno de 14% ao ano, enquanto a modalidade com entrega de caminhão terá um custo ainda menor, subsidiado pelo Tesouro Nacional. Essa combinação de recursos, conhecida como 'blend', permitirá oferecer condições mais favoráveis aos tomadores.

Atualmente, o BNDES já disponibiliza financiamentos para caminhões através do programa Finame, mas com taxas que podem atingir 22% ao ano, consideradas elevadas tanto por especialistas quanto por representantes do setor. Inicialmente, o governo planejava um repasse de R$ 5 bilhões, mas optou por aumentar a quantia subsidiada a R$ 6 bilhões para garantir taxas mais competitivas.

Embora o repasse do Tesouro não impacte o teto de despesas do governo, ele contribuirá para o aumento da dívida pública. A liberação dos recursos ainda está condicionada à criação de uma ação específica no Orçamento de 2025, que será enviada ao Congresso Nacional.

A adoção de novas medidas de estímulo para o setor de caminhões foi uma solicitação da Anfavea, que defendeu a necessidade de uma linha de crédito mais acessível diante da atual desaceleração econômica.