Bolsa brasileira atinge 164 mil pontos pela primeira vez após dados do PIB
Dólar apresenta leve queda, enquanto expectativas sobre a Selic aumentam com os números do terceiro trimestre.

SÃO PAULO, SP - A Bolsa de Valores do Brasil encerrou o dia acima dos 164 mil pontos pela primeira vez, nesta quinta-feira (4), marcando o terceiro dia consecutivo de recordes, tanto durante o pregão quanto no fechamento.
O dia teve como destaque a divulgação de um PIB (Produto Interno Bruto) que não atingiu as expectativas para o terceiro trimestre, o que levou analistas a reforçarem as previsões de um possível corte na taxa Selic, atualmente em 15%, e estimulou o apetite por risco entre os investidores.
O índice Ibovespa, principal indicador do mercado de ações brasileiro, subiu 1,66%, atingindo 164.456 pontos, após alcançar uma nova máxima histórica de 164.551 pontos. Essa é a primeira vez que a Bolsa supera as marcas de 162, 163 e 164 mil pontos.
Apesar do aumento no apetite ao risco, o dólar apresentou uma leve queda de 0,07%, fechando a R$ 5,310, influenciado por dados dos Estados Unidos e em linha com outras moedas emergentes.
Conforme informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB brasileiro registrou um crescimento modesto de 0,1% no terceiro trimestre, em comparação ao trimestre anterior, o que indica uma desaceleração da economia após um crescimento de 0,3% no segundo trimestre e 1,5% no primeiro trimestre. O mercado financeiro esperava uma variação positiva de 0,2%, segundo dados da Bloomberg.
A economia brasileira, que começou 2025 com uma safra recorde de grãos, começou a mostrar sinais de desaceleração já no segundo trimestre. Rafael Perez, economista da Suno Research, observa que o PIB passou por três fases distintas em 2025, destacando uma perda de tração no segundo trimestre e uma acomodação no terceiro trimestre, em resposta à política monetária.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado, destaca que o crescimento lento da economia reduz os riscos inflacionários e aumenta a urgência para que o Copom (Comitê de Política Monetária) considere cortes na taxa de juros. Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, acredita que os dados indicam o fim do ciclo de alta da Selic, o que pode aumentar a demanda por investimentos em renda variável.
O Banco Central tem defendido a manutenção da taxa Selic em 15% por um período prolongado. Em recente evento, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, enfatizou que o mercado de trabalho brasileiro está aquecido, o que justifica uma abordagem cautelosa sobre os juros.
No cenário internacional, o foco esteve voltado para dados econômicos dos EUA, onde os pedidos iniciais de auxílio-desemprego somaram 191 mil na semana encerrada em 29 de novembro, abaixo da expectativa de 220 mil. Já um relatório da ADP sobre o mercado de trabalho indicou uma queda acentuada de 32 mil postos de trabalho no setor privado em novembro, o que pode sinalizar um enfraquecimento maior do que o esperado na economia americana.
A decisão do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) sobre juros não será consensual, pois dados importantes sobre emprego ainda não foram coletados devido a uma paralisação. A ferramenta FedWatch indica uma probabilidade de