segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Bolsonaro completa 100 dias em prisão domiciliar com incertezas políticas

Ex-presidente enfrenta possíveis consequências da condenação e disputas internas no seu grupo político

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Bolsonaro completa 100 dias em prisão domiciliar com incertezas políticas
Foto: Divulgação

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SÃO PAULO, SP (APARECIDA NEWS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atinge a marca de cem dias em prisão domiciliar nesta quarta-feira (12), enquanto teme uma transferência para um presídio e lida com um cenário de enfraquecimento político.

Nos últimos meses, o grupo político de Bolsonaro tem se visto envolvido em conflitos internos, incluindo a divisão entre o centrão e a direita, impulsionada por um episódio de tarifas imposto por Donald Trump, no qual Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teve destaque. Além disso, a crise em Santa Catarina pela vaga ao Senado em 2026 também tem gerado tensões, com o envolvimento de Carlos Bolsonaro (PL-RJ), outro filho do ex-presidente.

Em entrevista à Folha no final de março, Bolsonaro expressou que a prisão não apenas encerraria sua carreira política, mas também sua vida. Naquele momento, ainda ativo em seu partido e realizando viagens, ele argumentou que sua idade de 70 anos e as acusações contra ele, que somam décadas de pena, eram fatores preocupantes.

Atualmente, o ex-presidente enfrenta a possibilidade concreta de ser transferido para a Papuda, em Brasília, para cumprir pena de 27 anos e três meses por sua participação na trama golpista de 2022. Seu primeiro recurso foi negado pelos quatro integrantes da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) e, embora a defesa planeje novos recursos, há expectativa de que a ação seja considerada encerrada até dezembro.

Familiares de Bolsonaro relataram a aliados que ele está apreensivo com a chance de cumprir pena em regime fechado, decisão que caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Apesar de manter uma rotina de exercícios e fazer piadas com visitantes, há relatos de que Bolsonaro se encontra em um estado emocional fragilizado, utilizando bermuda e chinelos e considerando a tornozeleira eletrônica uma humilhação.

Renato Bolsonaro, seu irmão, declarou que, caso o ex-presidente seja transferido para a Papuda, a Justiça estaria condenando-o à morte na prisão. Atualmente, alguns interlocutores de Bolsonaro já admitem que o STF pode encaminhá-lo para a Papuda, mesmo que temporariamente, antes de retornar à prisão domiciliar por questões de saúde. Uma transferência para uma sala na superintendência da Polícia Federal, semelhante ao que ocorreu com Lula (PT) em Curitiba, é outra possibilidade, enquanto a mudança para uma instalação militar é considerada a menos provável.

Se a transferência para o regime fechado ocorrer, espera-se que a mobilização de apoiadores seja limitada. Até o momento, não houve organização significativa nesse sentido, em parte devido à dificuldade de articulação do grupo em torno do líder preso e à disputa pelo seu legado eleitoral. A permanência de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos também tem gerado incertezas, levando-o a criticar aliados, especialmente governadores de direita, e a intensificar seu discurso político, inclusive manifestando a intenção de se candidatar à Presidência, mesmo à distância.

Enquanto isso, os filhos de Bolsonaro se opõem àqueles que falam abertamente sobre eleições sem a presença do ex-presidente, que está inelegível. A ex-primeira-dama e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reafirmaram que o pai é o candidato para 2026. Interlocutores tentam amenizar as disputas internas, sugerindo que a direita deve se unir e evitar conflitos, especialmente