segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Brasil alcança recordes em renda, redução da pobreza e desigualdade desde 1995

Estudo do Ipea revela avanços significativos na economia brasileira até 2024

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Brasil alcança recordes em renda, redução da pobreza e desigualdade desde 1995
Foto: Divulgação

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O Brasil apresentou, em 2024, os melhores resultados em termos de renda, desigualdade e pobreza desde o início da série histórica em 1995, conforme divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (25). Os dados foram coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos últimos 30 anos, a renda domiciliar per capita cresceu aproximadamente 70%, enquanto o coeficiente de Gini, que mede a concentração de renda, caiu quase 18%. A taxa de extrema pobreza, por sua vez, reduziu-se de 25% para menos de 5%.

O progresso foi desigual, com um crescimento mais acentuado entre 2003 e 2014, sendo retomado com vigor de 2021 a 2024. Após um período de crises entre 2014 e 2021, que incluiu recessão e a pandemia, a renda per capita atingiu seu menor nível em dez anos. A partir de 2021, houve um crescimento real de mais de 25% na renda média ao longo de três anos, o maior avanço desde o Plano Real, acompanhado de uma diminuição significativa na desigualdade.

“Os resultados demonstram que é possível reduzir drasticamente a pobreza e a desigualdade, mas esses avanços podem ser interrompidos por diversos fatores. É fundamental combinar diferentes abordagens para atingir esses objetivos essenciais do país”, afirmou Marcos Dantas Hecksher, coautor do estudo.

Os pesquisadores atribuem a melhora recente ao aquecimento do mercado de trabalho e ao aumento das transferências de renda, que contribuíram com quase metade da redução da desigualdade e da queda da extrema pobreza entre 2021 e 2024. Programas como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, Auxílio Brasil e Auxílio Emergencial mostraram-se mais eficazes após 2020.

No entanto, o impacto das transferências começou a diminuir em 2023 e 2024 com o fim do ciclo de expansão, enquanto o mercado de trabalho continua a desempenhar um papel crucial nos indicadores sociais.

“É necessário combater as desigualdades por meio de políticas públicas abrangentes. Não se deve apenas direcionar gastos sociais aos mais necessitados, mas também promover uma distribuição mais equitativa dos impostos”, concluiu Hecksher.

Em 2024, o país alcançou os menores níveis de pobreza da série histórica, com 4,8% da população vivendo abaixo da linha de extrema pobreza (US$ 3 por dia) e 26,8% abaixo da linha de pobreza (US$ 8,30 por dia). Mais de 60% da redução da extrema pobreza entre 2021 e 2024 foi atribuída a melhorias na distribuição de renda.

A nota técnica do Ipea alerta que o avanço observado no pós-pandemia pode perder força com o término das políticas assistenciais, tornando o mercado de trabalho ainda mais decisivo nos próximos anos. Os autores também destacam que pesquisas domiciliares podem subestimar rendimentos elevados e parte das transferências sociais, exigindo cautela na interpretação dos dados.

O documento ressalta que este período recente representa uma mudança estrutural significativa: após anos de estagnação, os indicadores de renda, desigualdade e pobreza voltaram a apresentar melhorias simultâneas e aceleradas.