Câmara decide suspender Glauber Braga por seis meses em reviravolta política
A punição está relacionada a agressão a militante do MBL e não ao tumulto da última terça-feira.

BRASÍLIA, DF - Em uma reviravolta surpreendente, a Câmara dos Deputados optou, nesta quarta-feira (10), por suspender o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses, ao invés de cassar seu mandato. A decisão foi tomada após o parlamentar chutar um militante do MBL (Movimento Brasil Livre), um dia depois de ser expulso do plenário pela polícia legislativa.
A suspensão foi aprovada por 318 votos a favor e 141 contra, após uma votação prévia onde 226 deputados decidiram pela punição menos severa, com uma diferença de apenas seis votos. A expectativa inicial era de que o deputado tivesse seu mandato cassado, dado que ele não possui apoio político significativo entre os principais partidos.
Glauber Braga se manifestou contra a decisão, afirmando que a punição foi orquestrada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que nega qualquer perseguição política. O deputado declarou que sua reação ao militante foi uma resposta a ofensas dirigidas à sua mãe, que estava em estado avançado de Alzheimer e faleceu dias depois.
Durante a sessão, houve tentativas de obstrução por parte de deputados de esquerda, que consideraram a agressão um erro, mas que não justificava a cassação. Glauber ressaltou que sua presença na Mesa Diretora foi uma forma de resistência e que não se renderia ao que chamou de corrupção ética.
A confusão em torno da sua expulsão do plenário gerou tumulto, com a polícia legislativa sendo acionada para retirá-lo à força. A circulação do público na Câmara foi restrita durante a votação, que não pôde ser acompanhada pela imprensa ao vivo.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que também pautaria a votação sobre a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). A situação de Zambelli deve ser discutida na mesma sessão, após parecer favorável da Comissão de Justiça e Cidadania pela cassação.