Compras de soja da China nos EUA influenciam preços em Chicago e decepcionam o mercado
Dados abaixo do esperado pressionam cotações e geram correções no mercado

Foto: Vinicius Ramos/Canal Rural BA
O mercado global de soja tem sido fortemente impactado nas últimas semanas pela intensidade das compras chinesas do produto norte-americano. Conforme levantamento da consultoria Safras & Mercado, desde que o acordo entre Pequim e Washington foi anunciado, esse fator se tornou o principal determinante dos preços futuros na Bolsa de Chicago, refletindo também na comercialização interna.
Dados da Safras & Mercado indicam que a China adquiriu cerca de 4,8 milhões de toneladas de soja em grão dos Estados Unidos desde o fechamento do acordo no final de outubro. Ao considerar vendas para destinos não revelados, frequentemente atribuídas ao país asiático, o volume total pode alcançar aproximadamente 5,6 milhões de toneladas, de acordo com informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Esses números contrastam com uma reportagem recente da agência Bloomberg, que mencionou que a China teria garantido ao menos 7 milhões de toneladas do produto americano. Mesmo em um cenário otimista, conforme a Safras, as quantidades negociadas ainda estariam bem abaixo do previsto no acordo, que estipulava a compra de até 12 milhões de toneladas, com prazo estendido até fevereiro.
Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado, ressalta que os dados apresentados não correspondem aos registros oficiais. Ele aponta que, se as vendas realmente estivessem atingindo os patamares mais altos, o comportamento do mercado seria distinto. “Se esse volume tivesse sido efetivado, os preços não estariam recuando da forma como estão”, afirma.
A expectativa em torno do acordo havia elevado os preços da soja em Chicago a partir da segunda quinzena de outubro, com uma valorização significativa do contrato de janeiro. Contudo, com a decepção do mercado em relação ao ritmo real das compras chinesas, iniciou-se um movimento de correção, fazendo com que os preços retornassem a níveis próximos aos observados antes da alta expressiva do período.