A crise entre o Congresso Nacional e o governo Lula (PT) se intensifica com o distanciamento dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A ausência dos dois no ato de sanção da isenção do Imposto de Renda nesta quarta-feira (26) traz incertezas sobre a aprovação de matérias importantes, como o Orçamento de 2026 e a PEC da Segurança Pública.

Parlamentares apontam que o Executivo pode enfrentar derrotas significativas em temas cruciais, com Alcolumbre convocando uma sessão do Congresso nesta quinta-feira (27) para discutir vetos presidenciais, aumentando a pressão sobre o governo.

O embate político também fez com que a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse ofuscada no Congresso, com reações discretas da direita e um debate sobre anistia relegado a conversas informais.

Recentemente, Motta e Alcolumbre se distanciaram do governo, com Motta rompendo publicamente com o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), após críticas sobre a escolha de um relator para o projeto antifacção, visto como uma aposta de Lula na segurança pública.

Além disso, o grupo de Motta está insatisfeito com a condução do governo em relação a acordos não cumpridos, como a nomeação de cargos e a execução de emendas parlamentares. O presidente da Câmara também expressou descontentamento com declarações de ministros do governo, apontando uma necessidade de reavaliar a relação com o Ministério da Fazenda.

Enquanto isso, Motta tenta consolidar sua força política com um bloco de 275 deputados, unindo vários partidos e garantindo uma base de governabilidade que pode influenciar a votação de pautas, tanto favoráveis quanto contrárias ao governo.

Embora os bolsonaristas tentem retomar a discussão sobre anistia, o projeto enfrenta impasses. Motta afirmou que só levará a proposta ao plenário se for restrita à redução de penas, enquanto o PL insiste em uma anistia completa.

Em meio a tudo isso, a reação da direita no Congresso demonstra uma perda de força, com protestos e discursos limitados após a prisão de Bolsonaro, que segue como um tema sensível e controverso para o Legislativo.