segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Governo Lula busca restabelecer diálogo com Senado após decisão de Gilmar Mendes

Tensão em torno da indicação de Jorge Messias para o STF intensifica a necessidade de aproximação entre o Planalto e o Senado.

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Governo Lula busca restabelecer diálogo com Senado após decisão de Gilmar Mendes
Foto: Divulgação

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(FOLHAPRESS) - O governo Lula (PT) vê uma oportunidade de realinhar suas relações com o Senado após a decisão do ministro Gilmar Mendes sobre o impeachment de ministros. Essa discussão, que ganhou destaque na quarta-feira (3), desviou a atenção da indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), que havia gerado tensões e culminou no cancelamento da sabatina programada para o dia 10.

Aliados do governo afirmam que Lula planejava se encontrar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), logo após retornar de sua viagem ao Nordeste. Alcolumbre, que também recebeu conselhos para restabelecer a comunicação com o Palácio do Planalto, é visto como uma figura central para a desobstrução dos canais de diálogo.

Durante as conversas, os assessores de Alcolumbre fazem referência ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para ressaltar a importância de manter um relacionamento cordial com o presidente da República. Cunha, que presidiu o impeachment de Dilma Rousseff, enfrentou sérias consequências políticas por suas ações.

Embora Lula esteja disposto a se reunir com Alcolumbre, ele reafirma que a escolha do novo ministro do STF é uma prerrogativa exclusiva do presidente da República. Recentemente, as tensões aumentaram ainda mais com a suspensão da sabatina de Messias, que foi anunciada por Alcolumbre no dia 2 de outubro.

A decisão de Gilmar Mendes gerou um novo foco de atenção no Congresso, com o Senado assumindo a responsabilidade de sabatinar as indicações ao STF e de conduzir processos de impeachment. Apesar de alguns aliados expressarem preocupação sobre o impacto da situação na candidatura de Messias, outros acreditam que o clima pode melhorar com a chegada do fim do ano e do Carnaval, apontando fevereiro como um período favorável para a sabatina.

Na mesma linha, a Advocacia-Geral da União (AGU), sob a liderança do indicado de Lula, solicitou a Gilmar Mendes que reconsidere sua decisão. O senador Humberto Costa (PT-PE) criticou a medida, ressaltando que o direito ao impeachment não deveria ser restrito, mas concordou com a necessidade de um quórum mais elevado para afastar autoridades.

Durante a sessão no Senado, a decisão de Gilmar Mendes suscitou uma série de manifestações de apoio a Alcolumbre, envolvendo senadores de diferentes partidos. O presidente do Senado fez dois pronunciamentos, criticando tanto a decisão de Gilmar quanto a abordagem do governo em relação à indicação de Messias, que foi cancelada devido à falta de certeza sobre os votos necessários para sua aprovação.

Alcolumbre defendeu-se das críticas, afirmando que em momento algum o Senado tentou usurpar as prerrogativas do presidente da República. Ele também mencionou a possibilidade de rejeição da indicação de Messias pelo Senado.

O relator da indicação, senador Weverton Rocha (PDT-MA), enfatizou seu compromisso em evitar que a insatisfação gerada pela decisão de Gilmar Mendes prejudique o indicado.