segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Governo Lula vê recuo de Derrite como vitória em disputa sobre a PF

Mudanças controversas no projeto de lei antifacção geraram forte reação pública e política

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Governo Lula vê recuo de Derrite como vitória em disputa sobre a PF
Foto: Divulgação

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BRASÍLIA, DF - O governo federal, liderado por Lula (PT), e seus aliados consideram que a tentativa da direita de restringir as funções da Polícia Federal (PF), proposta no relatório inicial de Guilherme Derrite (PP-SP) para a lei antifacção, foi um erro estratégico. O projeto é uma prioridade do Executivo na área de segurança pública.

Após uma operação no Rio de Janeiro no final de outubro, que expôs a crise na segurança, o governo enfrentou desgaste na opinião pública. A inclusão de mudanças nas competências da PF no relatório de Derrite gerou um amplo movimento de críticas de juristas, entidades civis e especialistas, permitindo que o Palácio do Planalto pudesse retomar a narrativa sobre a importância da PF no combate ao crime organizado.

Derrite, que foi designado relator do projeto de lei na última sexta-feira (7) pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), apresentou um parecer inicial controverso, que equiparava facções criminosas a grupos terroristas e diminuía as atribuições da PF. Essa postura levou o governo a intensificar sua oposição ao texto, que foi comparado à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que enfrentou forte rejeição no Senado.

O Planalto mobilizou seus integrantes e utilizou a Secom (Secretaria de Comunicação Social) para explicar por que o relatório de Derrite era problemático, enfatizando que a defesa da PF ressoava positivamente entre a população. Governistas acreditam que se Derrite tivesse focado apenas na severidade das penas, o governo poderia ter sido superado na votação.

Na tarde de terça-feira (11), Derrite anunciou um recuo, aceitando modificar os dois pontos mais criticados, incluindo a preservação do papel da PF, o que foi celebrado por membros do governo. Em resposta a questionamentos, ele afirmou que as alterações atendiam à população e justificou sua decisão como uma estratégia, e não um recuo.

Aliados de Motta, embora reconhecendo a escolha arriscada de Derrite como relator, defendem que isso foi necessário para mostrar independência em um momento de crescente aproximação com o Planalto. Motta atuou como mediador entre Derrite e os representantes do governo, com o objetivo de suavizar as tensões.

A avaliação entre os parlamentares é que o governo saiu fortalecido neste embate, conseguindo mitigar os danos à sua imagem e influenciar o debate público. Contudo, permanecem cautelosos em relação à votação do projeto, prevista para quarta-feira (12), já que a oposição pode buscar novas alterações.

Enquanto isso, Derrite se posiciona como um potencial candidato ao Senado ou ao governo de São Paulo no próximo ano, e tem recebido apoio de líderes partidários como PP e MDB, que o consideram um técnico que não usou o projeto como palanque, embora o governo tenha uma visão contrária sobre a tramitação do texto.