segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Hugo Motta rompe com líder do PT, intensificando crise entre governo e Congresso

Declaração do presidente da Câmara gera tensão nas relações políticas

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Hugo Motta rompe com líder do PT, intensificando crise entre governo e Congresso
Foto: Divulgação

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BRASÍLIA, DF - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que rompeu relações com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). Motta declarou à Folha de S.Paulo: "Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias".

Esse desentendimento pode agravar os problemas entre o governo Lula e a Câmara, especialmente em um momento em que também existem atritos com o Senado. Segundo líderes próximos a Motta, a interação entre eles agora será apenas institucional.

Nos últimos meses, a equipe de Motta criticou a postura de Lindbergh, acusando-o de se exaltar em debates e de tentar prejudicar a imagem da Câmara perante a opinião pública. Além disso, a cúpula da Casa apontou que o petista tem se comportado como se fosse líder do governo, quando sua função deveria ser apenas representar o PT.

Lindbergh, um dos deputados mais ativos na defesa das pautas do governo, respondeu à declaração de Motta chamando-a de "reação imatura" e ressaltou que a política não deve ser vista como um "clube de amigos". Ele afirmou: "Minhas posições políticas sempre foram claras e previsíveis".

O recente avanço do projeto de lei antifacção, que foi aprovado na Câmara, acentuou o desgaste entre Motta e Lindbergh, com aliados afirmando que a atuação do governo nas discussões tem contribuído para os atritos. Motta designou o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto, o que gerou descontentamento entre membros do Planalto.

Essa escolha e as críticas às mudanças feitas no texto pelo relator provocaram uma orientação do governo para que se votasse contra a proposta, mas a iniciativa resultou em derrota. O projeto agora está no Senado.

Motta expressou seu descontentamento em diversas entrevistas e redes sociais. Um parlamentar do centrão destacou que o clima entre os deputados e o governo é tenso, citando acordos não cumpridos e insatisfações em relação à execução orçamentária.

Apesar de aliados de Motta negarem um rompimento com a ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação entre Executivo e Legislativo, afirmam que a relação entre eles também foi afetada. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é visto como um intermediário que tenta acalmar os ânimos entre as partes.

Motta assumiu a presidência da Câmara no início deste ano com apoio de uma ampla coalizão, que incluía tanto o PT quanto o PL. Desde então, a relação entre o governo e a Câmara tem sido marcada por instabilidades e desconfianças, agravadas por episódios como a derrubada de um decreto presidencial e a tramitação do projeto de lei antifacção.

O recente clima de tensão também se reflete na relação do governo com o Senado, onde a indicação de Jorge Messias para uma vaga no STF gerou descontentamento entre os senadores.