segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
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Indicação de Jorge Messias ao STF gera tensões no Senado e no Supremo

Preferência por Rodrigo Pacheco complica relação entre Lula e senadores; apoio religioso de Messias divide opiniões.

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Indicação de Jorge Messias ao STF gera tensões no Senado e no Supremo
Foto: Divulgação

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SÃO PAULO, SP - A escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) provocou um clima de tensão nas relações entre o governo Lula e o Senado. A necessidade de conquistar os 41 votos para a aprovação do indicado tem feito Messias intensificar sua articulação no Legislativo.

A indicação de Messias foi oficializada em 20 de novembro, mas, apesar de ser prerrogativa do Executivo, sua nomeação depende da aprovação do Senado. O processo envolve uma sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e a votação em plenário, marcada para o dia 10 de dezembro.

A relação entre Lula (PT) e o Senado, que é fundamental para a governabilidade em seu terceiro mandato, ficou abalada pela preferência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e de outros senadores pela indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que foi preterido em favor de Messias, que defende sua candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026.

Dentro do STF, a recepção ao nome de Messias também não foi unânime. Ministros como Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes expressaram preferência por Pacheco, o que contribui para um ambiente de resistência.

A situação fez com que o AGU enfrentasse desafios no Senado, além de provocar reações adversas, como a aprovação de uma pauta-bomba logo após a indicação. Messias, que é membro da Igreja Batista, conta com o apoio de congressistas evangélicos, mas enfrenta resistência entre aqueles ligados ao bolsonarismo.

Alcolumbre, que havia demonstrado publicamente sua insatisfação com a escolha de Messias, teve uma resposta irônica à nota de elogio do AGU, que o chamou de "autêntico líder do Congresso Nacional". O presidente do Senado, que deve se reunir com Lula para discutir a indicação, anunciou uma votação de uma pauta-bomba que pode gerar um ônus de R$ 25 bilhões nos próximos dez anos.

A sabatina na CCJ é presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), e a relatoria do processo ficou a cargo de Weverton Rocha (PDT-MA), que é aliado tanto de Pacheco quanto de Lula. Rocha afirmou que não vê resistência em relação a Messias, destacando que ele atende aos requisitos necessários.

O senador Marcos Pereira (Republicanos-SP) também defendeu a indicação, afirmando que Messias será um grande ministro. O apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do presidente da Câmara, Hugo Motta, foi confirmado pelo líder do partido no Senado, Mecias de Jesus (RR).

A filiação religiosa de Messias é vista como um ativo político importante, mas gera divisões entre os evangélicos. Alguns, como o senador Jorge Seif (PL-SC), minimizam a relevância de sua fé para a aprovação, enquanto outros, como André Mendonça, ex-AGU e pastor, manifestaram apoio ao indicado, considerando-o qualificado para o cargo.

Apesar das tensões, a oposição a Messias o considera um "novo Dino", com preocupações sobre seu alinhamento com a agenda de Lula e a forma como tratará as emendas