Jorge Messias intensifica articulações no Senado para aprovação ao STF
O advogado-geral da União busca apoio de senadores e ministros em meio a resistências no Legislativo.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), inicia a semana em uma corrida contra o tempo para garantir os votos necessários à sua aprovação no Senado.
Segundo fontes ligadas ao governo, Messias já adotou uma abordagem intensa, promovendo reuniões com diversos senadores, independentemente de sua posição sobre sua indicação. Quando não é recebido pessoalmente, ele tem insistido em contatos telefônicos. A sabatina está agendada para o dia 10 de dezembro, data que o governo tenta adiar.
Além de buscar apoio entre os senadores, Messias tem contado com a ajuda de alguns ministros do STF, como André Mendonça e Gilmar Mendes, que têm contatado parlamentares para reforçar a sua candidatura.
O advogado-geral também busca uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que era um dos cotados para a vaga no STF. O governo vê esse encontro como um possível passo para a pacificação com os aliados de Pacheco.
Na semana passada, Messias se reuniu com aliados dentro do Senado, incluindo membros do PSD e do MDB, e conversou com Otto Alencar, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é responsável pela sabatina. Alencar descreveu a situação como uma “granada sem pino”, dada a dificuldade de angariar apoio.
Com a necessidade de conquistar senadores mais críticos, especialmente dos partidos centristas e da oposição, a situação se complica. Embora alguns membros do PL já tenham manifestado que votarão contra, existe a expectativa de que a bancada apresente um ou dois votos a favor de Messias, influenciados por conexões religiosas e pelo apoio de André Mendonça.
Do lado do governo, a tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, está sendo monitorada de perto. Alcolumbre, insatisfeito com a indicação de Messias e defensor do nome de Pacheco, fez críticas à ideia de que a crise entre os Poderes poderia ser resolvida apenas com negociações.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, respondeu às críticas de Alcolumbre, reafirmando que o governo não reduzirá a relação institucional a meras negociações por cargos.
Alcolumbre tem afirmado que não sabotá a indicação, mas também não pretende apoiá-la. Ele agendou a votação para 10 de dezembro, dando pouco mais de duas semanas para que Messias consiga os 41 votos necessários.
O governo, por sua vez, tem segurado o envio oficial da mensagem de indicação ao Senado, publicando apenas no Diário Oficial da União, o que impede o início da tramitação. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, sugeriu que a votação pode ser adiada para 2026, visando dar mais tempo para articulações.
Embora o governo negue qualquer manobra, a mensagem de indicação só será enviada após uma conversa entre Lula e Alcolumbre, na tentativa de aliviar a tensão. Randolfe declarou que o envio ocorrerá no momento certo, após a conversa entre os dois.