A liquidação do Banco Master poderá impactar 92 fundos de investimento geridos pela Master Corretora, uma das subsidiárias do banco de Daniel Vorcaro. Apesar de sua administração ser independente do processo de falência da instituição, esses fundos correm o risco de serem liquidados e seu patrimônio líquido, que soma R$ 14,4 bilhões, pode ser distribuído entre os cotistas de acordo com a participação de cada um.

Mariane Kondo e Fabio Braga, sócios do Demarest Advogados, ressaltam que o patrimônio de cada fundo é segregado e não deve ser confundido com a situação financeira do banco. O levantamento do Comdinheiro (Nelogica), realizado em 31 de outubro, mostra que a maioria dos fundos (53) são de direitos creditórios (Fidcs), seguidos por 19 fundos multimercado.

Conforme a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é obrigação do administrador contratar serviços relacionados à tesouraria e auditoria em nome do fundo. O liquidante do Master, Eduardo Félix Bianchini, um servidor aposentado do Banco Central (BC), está atualmente à frente da administração desses fundos.

Fernando Kuyven, sócio do Modesto Carvalhosa, Kuyven e Ronco Advogados, explica que a liquidação extrajudicial do banco implica na perda imediata da capacidade de operar em nome dos fundos. A prioridade dos reguladores é proteger os investidores e manter a estabilidade do mercado.

O Banco Central informou que a EFB está em processo de definição de novos administradores para os fundos do Master, o que requer a convocação de assembleia geral de cotistas. Nesta reunião, poderá ser discutida a liquidação do fundo. Gustavo Rabello, do SouzaOkawa, enfatiza que o administrador temporário deve garantir a continuidade mínima até a assembleia sem assumir a gestão de forma definitiva.

Gestoras de fundos sob a administração do Master, como a Acura Capital, já estão convocando assembleias para escolher novos administradores. O Revolution, o maior fundo sob gestão do Master, apresenta um patrimônio líquido de R$ 4,9 bilhões e está seguindo os trâmites necessários para a troca de administração.

A Acura esclareceu que a liquidação da Master Corretora não implica automaticamente na liquidação do fundo, já que a legislação prevê um processo específico para a transferência de administração, que está sendo rigorosamente seguido.

Mudanças na administração podem afetar taxas de administração e performance dos fundos. A CVM destaca que, caso não haja novos administradores eleitos, o fundo poderá ser liquidado. Além disso, se o fundo não tiver patrimônio para cobrir suas dívidas, cotistas ou credores poderão solicitar sua insolvência.

É importante observar que a venda de ativos dos fundos, que são predominantemente direitos creditórios, pode ser dificultada pela baixa liquidez desses ativos, complicando o pagamento aos cotistas.