Uma nova pesquisa realizada pelo serviço de streaming Deezer revelou que 34% de toda nova música carregada na plataforma é gerada por inteligência artificial. Isso representa mais de 50.000 faixas criadas por IA sendo adicionadas diariamente.

O dado mais alarmante é que 97% dos ouvintes não conseguem distinguir entre músicas feitas por humanos e aquelas criadas por IA. A pesquisa foi realizada através de testes cegos em oito países, onde a maioria das pessoas não conseguiu identificar quais faixas eram geradas por máquinas, mesmo tentando.

A crescente facilidade de uso das ferramentas de música baseadas em IA tem impulsionado essa onda de canções sintéticas. Com aplicativos como o Suno, é possível criar faixas que soam bastante similares ao trabalho humano com apenas alguns cliques.

Embora a quantidade de músicas geradas por IA seja alta, seu impacto real nas audições ainda é mínimo, representando apenas cerca de 0,5% do total de streams na plataforma. Isso sugere que, mesmo sem perceber o motivo, os ouvintes ainda preferem as produções de artistas reais.

Essa discrepância entre volume e popularidade tem gerado preocupações na indústria. Aproximadamente 80% dos entrevistados afirmaram que as músicas geradas por IA deveriam ser claramente identificadas nas plataformas de streaming, e muitos se mostraram preocupados com o impacto que isso pode ter na vida dos artistas, especialmente considerando que alguns modelos de IA são treinados usando músicas protegidas por direitos autorais sem consentimento.

Diversos músicos expressaram seu receio de que a "música de IA" domine a indústria, considerando a situação "completamente inaceitável". Além disso, há uma crescente opinião de que as faixas geradas por IA não deveriam receber o mesmo tratamento financeiro que as criadas por humanos, com a sugestão de que os pagamentos deveriam ser menores para as músicas totalmente sintéticas.

O Deezer, por sua vez, já está desenvolvendo ferramentas para identificar e rotular faixas geradas por IA, além de filtrar atividades de streaming fraudulentas relacionadas a músicas produzidas em massa. Essa é uma tentativa inicial de evitar que as plataformas sejam inundadas por conteúdos de baixo custo, mas difíceis de monitorar.

Entretanto, a pergunta maior permanece: se a maioria das pessoas não consegue ouvir a diferença, isso realmente importa quem ou o que criou a música?

Por enquanto, a indústria parece estar se movendo em direção a um futuro onde a música gerada por IA não é mais uma novidade, mas sim parte do ruído de fundo. E é bem provável que você já tenha ouvido sem perceber.