segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Ao vivo
Economia

Nova isenção do Imposto de Renda promete reduzir desigualdade e estimular consumo

Especialistas analisam impactos da sanção do Projeto de Lei nº 1.087/2025, que altera a tributação sobre rendimentos.

Economia3 min de leitura
Nova isenção do Imposto de Renda promete reduzir desigualdade e estimular consumo
Foto: Divulgação

Publicidade

Anuncie aqui

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prestes a sancionar, na próxima semana, o Projeto de Lei nº 1.087/2025, que foi aprovado nas duas casas do Congresso Nacional. A expectativa é que a sanção ocorra a partir do dia 11, após o retorno do presidente de Belém, onde participa da Cúpula do Clima.

A proposta, que foi apresentada pelo governo federal há cerca de um ano, prevê a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Além disso, a alíquota do imposto será reduzida para rendimentos que variam entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. Para compensar as isenções, a taxação sobre rendas mais altas, a partir de R$ 600 mil por ano (ou R$ 50 mil mensais), será aumentada.

Essas mudanças devem entrar em vigor no próximo ano e, segundo analistas consultados pela Agência Brasil, têm um potencial significativo de redistribuição de renda. A expectativa é que o consumo das famílias aumente, contribuindo para a redução do endividamento e impulsionando o crescimento econômico.

O economista João Leme, da Consultoria Tendências, projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) pode crescer entre 0,15 e 0,2 ponto percentual. Ele compara o impacto financeiro para os trabalhadores a receber um 14º salário, distribuído ao longo de todos os meses do ano.

Pedro Humberto de Carvalho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), acredita que as classes mais baixas da média terão um aumento de R$ 350 a R$ 550 por mês, o que representa uma folga orçamentária significativa. No entanto, ele alerta para a possibilidade de inflação localizada, já que um aumento na renda disponível pode elevar o consumo em setores como comércio e serviços, que são sensíveis à inflação.

Victor Pagani, do Dieese, é otimista quanto ao controle da inflação, que ele considera sob controle e em desaceleração. Ele ressalta que a isenção para os menores rendimentos e a nova taxação sobre os mais ricos pode diminuir a desigualdade econômica, alinhando-se ao princípio constitucional de tributação conforme a capacidade contributiva.

O advogado Bruno Medeiros Durão, especialista em finanças, vê a correção da tabela do Imposto de Renda como um avanço rumo à justiça fiscal, mas argumenta que mais ações estruturais são necessárias, como a taxação de lucros e dividendos. Ele critica a defasagem da tabela atual e sugere a correção anual vinculada à inflação, além do aumento do número de faixas de tributação.

Outro ponto destacado pelos especialistas é a expectativa de que as famílias utilizem parte da nova renda para quitar dívidas contraídas. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostram que 80% das famílias estavam endividadas em outubro.

As discussões sobre a isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores de menor renda e o aumento da carga tributária para os mais ricos são previstas para serem temas centrais nas eleições de 2026. Bruno Medeiros Durão acredita que candidatos que apresentarem propostas claras sobre a tributação de grandes fortunas terão uma narrativa poderosa nas próximas campanhas.