Polinização Assistida: Um Caminho para Aumentar a Produção e Qualidade do Café Conilon
Iniciativa busca melhorar a cafeicultura capixaba através da polinização.

Foto: Pixabay
O Espírito Santo, maior produtor brasileiro de café conilon, responde por quase 70% da safra nacional dessa variedade, essencial na produção de café solúvel. A polinização cruzada, que varia entre 25% a 45%, é fundamental para a frutificação do conilon, e a polinização assistida pode trazer benefícios significativos tanto em quantidade quanto em qualidade.
Dados do governo estadual indicam que entre janeiro e agosto de 2025, foram exportadas 206 mil toneladas de café e produtos derivados. Para promover a conscientização sobre a importância da polinização na cafeicultura sustentável, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Federação Capixaba de Associações de Apicultores (Fecapis) realizaram um seminário em Aracruz no final de novembro.
A Dra. Jenifer Ramos, sócia-fundadora da Assessoria Científica e Executiva do Observatório de Abelhas do Brasil, destacou: “Se a polinização assistida já beneficia o café arábica, que é autopolinizado, imagine o impacto positivo em uma espécie dependente da polinização.”
Um estudo conduzido entre 2021 e 2024 em colaboração com a Embrapa Meio Ambiente, em fazendas de São Paulo e Minas Gerais, revelou um aumento médio de 16,5% na produtividade do café arábica. Além disso, a pesquisa constatou a produção de grãos mais uniformes e um avanço de 2 pontos na nota sensorial do café, permitindo que algumas amostras mudassem de “regular” para “especial”.
“Para o cafeicultor, isso representa um incremento de 25 dólares por saca. Ter abelhas nas plantações é um investimento que beneficia tanto o cafeicultor quanto o apicultor, que poderá oferecer o serviço de polinização assistida”, afirmou Ramos.
No entanto, a pesquisadora aponta que, apesar do Brasil ser o segundo maior produtor mundial de café conilon, existem poucos estudos sobre a polinização desta espécie. Ademais, a falta de cadastramento dos apicultores é um desafio a ser superado. “Os apicultores estão começando a perceber a oportunidade que a polinização assistida oferece, mas é crucial que se engajem e se profissionalizem para aproveitar ao máximo essa janela de oportunidade”, conclui.