STF Autoriza Quebra de Sigilo de Deputados em Investigação de Desvio de Cotas Parlamentares
Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy são alvos de operação da Polícia Federal que investiga supostos desvios de verbas públicas.

BRASÍLIA, DF - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, autorizou a quebra dos sigilos bancários dos deputados federais Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) nesta sexta-feira (19). A ação faz parte de uma investigação da Polícia Federal sobre possíveis desvios de recursos provenientes das cotas parlamentares.
O período de análise das informações bancárias se estende de maio de 2018 a dezembro de 2024. As cotas parlamentares são valores mensais destinados a cobrir despesas relacionadas ao exercício do mandato, incluindo locação de escritórios, passagens aéreas e aluguel de veículos.
Além de Sóstenes e Jordy, a investigação também envolve os assessores Itamar de Souza Santana e Adailton Oliveira dos Santos, que atuam na liderança do PL. Na decisão que autorizou a operação, Dino mencionou indícios de que as cotas parlamentares foram utilizadas para cobrir despesas fictícias ou irregulares, além da possibilidade de envolvimento com empresas de fachada.
Relatórios financeiros e comunicações obtidas pelos investigadores indicam "indícios robustos" de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras significativas e saques e depósitos fracionados de até R$ 9.999. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou indícios de que os deputados teriam participado de um esquema de desvio de verba parlamentar por meio de funcionários comissionados.
Segundo a PGR, há ligações entre os parlamentares e empresas como a Harue Locação de Veículos Ltda e a Amazon Serviços e Construções Ltda, utilizadas para a prática irregular.
A operação atual é um desdobramento de uma ação anterior realizada em dezembro de 2024, na qual foram investigados crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Carlos Jordy se manifestou em vídeo nas redes sociais, chamando a operação de "covarde" e defendendo que as alegações são infundadas, já que ele utiliza a mesma empresa para locação de veículos desde o início de seu mandato. Por sua vez, Sóstenes afirmou ser alvo de perseguição e explicou que o total de R$ 430 mil apreendido em uma de suas propriedades é proveniente da venda de um imóvel.