Tesouro Nacional nega garantia e suspensão de empréstimo de R$ 20 bilhões dos Correios
A estatal enfrenta dificuldades financeiras e busca alternativas para reduzir juros antes de nova negociação com bancos.

BRASÍLIA, DF - O Tesouro Nacional decidiu não conceder a garantia soberana solicitada para um empréstimo de R$ 20 bilhões que os Correios pretendiam firmar com instituições financeiras, resultando na suspensão da operação. A informação foi confirmada nesta terça-feira (2) por fontes ligadas ao Ministério da Fazenda.
O órgão indicou à estatal que não aceitaria o aval para a transação, uma vez que a taxa de juros proposta superava o limite máximo estabelecido pelo comitê de garantias do Tesouro. O empréstimo, que havia sido aprovado pelo conselho de administração dos Correios no último sábado (29), seria realizado com um consórcio de cinco bancos: Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra.
A proposta inicial previa juros de 136% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), equivalente a cerca de 20% ao ano, mas a nova oferta ainda não atendeu ao teto de 120% do CDI (aproximadamente 18% ao ano) estabelecido para operações desse tipo com prazo de dez anos.
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, foi convocado para uma reunião no Ministério da Fazenda, onde foi informado sobre a rejeição das condições. A estatal já comunicou os bancos sobre a suspensão do empréstimo e espera retomar as negociações na tentativa de conseguir taxas mais favoráveis.
Caso os bancos não aceitem um custo mais baixo, os Correios poderão necessitar de um apoio financeiro do Tesouro Nacional para honrar suas obrigações de curto prazo, uma situação que ainda não tem um valor estimado, mas que preocupa o governo.
Atualmente, a empresa passa por uma crise financeira, acumulando dívidas com fornecedores e um saldo negativo que chegou a R$ 6,1 bilhões neste ano até setembro. O veto da garantia foi influenciado pela análise técnica feita pelo Tesouro e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que expressaram preocupações sobre os riscos envolvidos na operação.
Embora tenha havido uma sinalização inicial favorável ao empréstimo, a preocupação com possíveis sanções pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em caso de inadimplência levou à decisão de não autorizar a operação nas atuais condições. O governo está buscando alternativas para facilitar a concessão de garantias em situações similares no futuro.